Imagem capa - Somos Guardiões de Memórias por Everlong Fotos

Somos Guardiões de Memórias


Você é convidado a ir pela primeira vez na casa de alguém e na sala de espera, e sem muito o que fazer, olha para a estante com alguns livros, objetos de decoração e porta retratos. Ao passar os olhos nas fotos de viagens, de família, de comemoração, de momentos felizes vividos, uma gama de sentimentos e pensamentos vem a mente, e em poucos instantes se consegue imaginar ou identificar algumas características daquele lar. Só o fato de ter as fotos expostas, demonstra o gosto pela história e lugares, a importância da família, a vontade de sempre lembrar dos momentos que fazem parte da história, e de querer tornar o ambiente mais pessoal e caloroso.

Com todos os avanços digitais e da comunicação destes últimos dez anos, a facilidade de se fazer fotos pelo celular e compartilhar instantaneamente, fez com que todos virassem fotógrafos amadores registrando tudo por onde passam. É comum, ouvirmos falar que “o meu celular está tão cheio de fotos e sem espaço, e como não sei como descarregar em um computador, tenho que acabar deletando várias fotos para ganhar um pouco de espaço”.

O que podemos sentir é que o auge é clicar, mas depois que passa a euforia do momento, talvez aquela foto não seja arquivada. 

A popularização do ato de fotografar, a instantaneidade de compartilhar, a facilidade de deletar, tem banalizado o sentido da fotografia e desvalorizado os profissionais da área. Hoje você compra uma câmera e vira fotógrafo de um dia para o outro e não entrega nenhuma foto revelada para o cliente. Depois que o cliente teve tempo de fazer o download, quem sabe ver correndo as 500 fotos entregues de um aniversário infantil numa tela de computador, vai voltar a ver quando? Quando vai mostrar para um amigo ou familiar? Quando vai compartilhar com algumas pessoas que pediram as fotos? Quando vai fazer um álbum das melhores fotos para mostrar como foi linda aquela festinha? 

Percebe-se ainda que as pessoas têm o prazer em ver um álbum de fotos, quando vai fazer uma visita, senta na sala, toma um café, vai batendo papo junto enquanto vai passando as fotos. Diferente é quando querem mostrar as fotos pelo computador, a sensação não é a mesma, não é tão bacana. Parece que as pessoas como já ficam e trabalham muito com computador, em momentos de descontração, querem se ausentar um pouco dele.

Esta febre de fotografar tudo com o celular, tende a ir diminuindo com o tempo, quando se derem conta do que estão deixando passar. Vemos muito hoje, as pessoas só com o celular na frente fotografando e perdendo a oportunidade de curtir e sentir o ambiente, de conversar com as pessoas, de observar o que se passa ao redor. Vai num show, e só fica vendo o show pelo celular para filmar. Vai na praia e fica só tirando fotos, e deixando de estar na vide,de sentir aquela brisa, aquele cheiro, ouvir som do mar. Vai numa viagem, e parecem que nem foram, pois ficam de olho na tela quase o tempo todo.

Estamos vendo alguns movimentos em resgate ao retro (vintage), seja ao escutar um som de um vinil da década de 60, 70, 80 ou 90, dar um rolêde combi ou fusca num domingo, ou pegar uma câmera fotográfica antiga e revelar o filme dela. O sentir a sensação destas experiências é o que estas as pessoas estão buscando com isto. 

A fotografia impressa, seja guardada numa caixa de papelão, seja num porta retrato à vista ou dentro de um álbum fotográfico, sempre vai permitir às pessoas recordarem, contarem suas histórias. Os sentimentos que são aflorados, permite por instantes, parar no tempo, ou voltar ao tempo. Além de tudo, não podemos deixar de ter a responsabilidade, de sermos guardiões destas nossas memórias, para as futuras gerações.

Escrito por: Franciane Gaioto